A era do zettabyte
O
mundo está diante de um verdadeiro tsunâmi de informações. O volume global de
dados produzidos ou replicados em 2011, por exemplo, chegou a 1,8 zettabyte,
segundo o IDC (International Data Corporation).
Mas que é um zettabyte? A pergunta tem
sentido. Para respondê-la, nada melhor do que recorrer a algumas comparações.
Meu computador tem um disco rígido (HD) com capacidade para armazenar um
terabyte, ou mil gigabytes. Pois bem: um sistema com a capacidade de um
zettabyte (ZB) poderia armazenar o conteúdo de 1 bilhão de HDs iguais ao de meu
desktop. Ou preencher a capacidade de armazenamento de 75 bilhões de iPads de
16 GB.
Em números decimais, um zettabyte equivale, a
grosso modo, a 1 sextilhão de bytes, que, em notação científica, poderia ser
escrito assim: 1021 bytes
– ou seja, 10 elevado à 21ª potência. Em notação binária, seria270 – quer dizer, 2 elevado à 70ª
potência.
Uma questão essencial de nosso tempo é,
portanto, o crescimento exponencial do volume de informações produzido no
planeta. Nos últimos cinco anos, esse volume foi multiplicado por nove. E,
segundo o mesmo IDC, em 2020, deverá chegar a 35,2 zettabytes, um terço dos
quais estará na nuvem ou passará por ela.
Novos desafios
Para alguns especialistas, o mundo vive a Era
do Zettabyte, que traz novos e crescentes desafios, tanto em projetos
especializados, como em áreas de instalação e gerenciamento de infraestrutura
de armazenamento em ambientes virtuais, do crescimento exponencial de
armazenamento, da segurança e redundância de dados (backup) e da recuperação de
informações (recovery), entre outras.
Nessa nova era, a explosão de dados, de todas
as origens, ganha o nome de Big Data. As novas opções de armazenamento, por sua
vez, deram origem à computação em nuvem. É nessas duas áreas que se situa um
dos maiores desafios para o Brasil e para o mundo: a carência de profissionais.
O Instituto McKinsey Global, por exemplo, prevê que, em 2018, faltarão entre
140 mil e 190 mil profissionais nos Estados Unidos.
Programa acadêmico
Para minimizar esse problema, diversas
corporações têm colaborado com programas acadêmicos, de que é exemplo o EMC
Academic Alliance, que já alcança 81 universidades, no Brasil e no mundo e foi
criado pela EMC, uma das maiores empresas de armazenamento de dados do mundo.
Eduardo Lima, gerente do programa no País,
explica que “esse crescimento contínuo e acelerado na produção de dados gera
uma demanda por profissionais capacitados em armazenamento e computação em
nuvem, que hoje são raros no mercado”. Essa demanda por profissionais dessa
área, na realidade, sempre existiu. Mas nunca foi razoavelmente atendida.
Como ressalta Sandro Melo – coordenador do
curso de redes de computadores da BandTec, a faculdade de tecnologia da
informação (TI) do Colégio Bandeirantes – “a adoção da disciplina Armazenamento
e Gerenciamento de Informações na grade curricular tem como objetivo capacitar
os alunos para essa enorme demanda de mercado; assim, o estudante, ao se
formar, sairá da faculdade com um diferencial profissional”.
No Brasil, o programa EMC Academic Alliance é
oferecido gratuitamente às universidades cujos cursos de TI sejam reconhecidos
pelo Ministério da Educação e ofereçam a primeira graduação (bacharel e/ou
tecnólogo). Além da disciplina Armazenamento e Gerenciamento de Informações, o
programa oferece três cursos gratuitos para alunos e professores: Cloud
Computing, Backup e Data Science.
O novo engenheiro
Desde a metade da década passada, o professor
Joseph Bordogna, então diretor da National Science Foundation dos Estados
Unidos, já vinha sugerindo que o engenheiro do século 21, precisaria
familiarizar-se com os conceitos de teraescala, nanoescala, complexidade,
cognição e holismo. E, além de conceituar essas matérias, ele dava exemplos
de como elas poderiam ser úteis ao engenheiro deste século.
Teraescala sugere a idéia de ordens de
grandeza gigantescas. Na computação do passado, as arquiteturas de
sistemas lidavam com centenas de processadores. No mundo virtual de
hoje, trabalham com milhões.
Nanoescala traduz a idéia exatamente
oposta à de teraescala, ou seja, ordens de grandeza muito pequenas,
como nanossegundo, nanômetro, nanotecnologia. Aliás, num futuro
próximo, a evolução da nanotecnologia nos permitirá manipular a matéria,
átomo por átomo, molécula por molécula.
Complexidade, no sentido tecnológico,
refere-se à extrema diversidade de elementos. Para lidar com situações
de elevada complexidade, os cientistas criaram até uma especialidade
chamada engenharia do caos, cujos recursos lhes permitem controlar
situações próximas da desordem total.
Cognição, como diz o dicionário, é a
aquisição do conhecimento ou, mais precisamente, o processo mental
pelo qual adquirimos conhecimento. Para o prof. Bordogna, a atual revolução
da informação tende a tornar-se insignificante diante da emergente revolução
do conhecimento.
Holismo, na acepção usada por Bordogna,
é “o conceito que nos diz que uma entidade pode ser maior do que a simples
soma de suas partes”. Ou que nos permite juntar coisas aparentemente díspares
num conjunto muito mais coerente, inclusive em sistemas sociais, físicos
ou de engenharia virtual.